É mesmo interessante
lembrar o início de algo que parece já ter nascido com a gente. Minha mãe
costumava dizer que aprender a ler e a escrever era como um milagre: íamos para
a escola sem saber nada e voltávamos de lá escrevendo e
lendo.
Como sou a caçula de três
irmãos, comecei a frequentar a escola conhecendo letras, números, meu nome,
entre outras coisas, porque os mais velhos me ensinavam, brincando, usando o
material didático com o qual todas as crianças eram alfabetizadas: a cartilha
Caminho Suave. Na escola, os textos repetitivos, que serviam como
exercícios de fixação, já eram meus conhecidos.
Em casa, a leitura era algo
comum, era mesmo uma das opções de lazer. Não se tinha dinheiro para gastar com
livros novos, mas o vendedor ambulante que passava na porta de casa, aceitava o
pagamento parcelado para a aquisição da enciclopédia Conhecer e da
coleção do Sítio do Picapau Amarelo, ambos de capa vermelha com letras
douradas, o que os tornavam sedutores aos meus olhos e aos de meus irmãos. Os
deliciosos livros de Maurice Leblanc, Arsène Lupin, versão francesa do
inglês Sherlock Holmes, de Arthur Conan Doyle, também fizeram
parte de minha formação leitora, não por escolha, mas, sim, porque não me
importava por ler livros que outros já haviam lido.
Mais tarde, recebíamos em
casa livros comprados pelo catálogo do Círculo do livro, os quais também
eram vendidos por ambulantes e pagos em pequenas parcelas. Esses também fizeram
parte da formação leitora de meus filhos, pois os tenho até hoje. Sem mencionar
os gibis (com linguagem formalíssima, com exceção do quack!) do Tio
Patinhas e Pato Donald e (os informais, perseguidos pelos
professores) Mônica e Cebolinha...
É, já estão sentindo o
cheirinho de naftalina, não é? Ok.
Mas, o importante disso
tudo, é saber que posso influenciar outras pessoas a conhecer o mundo da
leitura, o mesmo mundo que faz parte da minha vida, da vida da minha família,
que nos une, que promove conversações infindáveis.
Assim, considero-me feliz
por trabalhar apresentando esse caminho a muitos, mesmo que apenas alguns
queiram trilhá-lo.
Claudia De Nardi Moraes
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